No
Centro DREAM de Matola 2, na periferia de Maputo, passaram milhares de mães nos
primeiros cinco anos da sua actividade: 98 por cento delas não transmitiu o
vírus do VIH aos seus bebés. A cada dia repete-se a luta contra o estigma e
contra o preconceito. Para uma qualidade de vida melhor. A oferta da terapia
anti-retroviral, com o objectivo de as tratar também depois do parto, a
educação sanitária, a amizade, é elemento fundamental para as mulheres. Para
poderem ser mães em saúde de bebés sãos.
“Meu
filho é são! Hoje fez o teste final porque completou 18 meses e o resultado é
negativo!”. Fátima quase não acredita que Manuel, o filho tão desejado, não foi
contaminado pelo vírus que há seis anos entrou dentro dela.
“Meu
marido não quis vir porque tinha medo do resultado. ‘Va’ tu porque eu não
consigo. Tenho medo de desmaiar”, conta-nos esta jovem mulher de 28 anos.
“Fiz
o teste HIV depois que o meu marido descobriu ser seropisitivo. Estava muito
mal, era um esqueleto: com 44 anos pesava 28 quilos. Nem podia ir trabalhar. Eu
não me sentia mal, mas decidi fazer o teste na mesma. Fui ao Centro DREAM de
Machava, e logo tive que começar tomar os antiretrovirais. Desde então nunca
mais parei”, diz ela enquanto Manuel bebe um sumo.
“E
devo dizer que nunca tenho tido problemas. A única coisa bela, a mais bela que
me pudesse acontecer, é que fiquei grávida! Até o médico não acreditava. E a
barriga começou a crescer e finalmente tinha a prova que não era um sonho.
Obviamente a preocupação que o meu filho pudesse nascer seropositivo estava
sempre presente. Hoje é o dia mais bonito da minha vida!”, diz-nos chorando de
felicidade.
Fátima
está consciente de ser uma privilegiada e hoje é uma activista, no seu bairro:
um exemplo para as mil mulheres grávidas que neste momento estão a ser seguidas
é o elo de ligação entre as mulheres grávidas e o tratamento antiretroviral.
Ela leva-as para Matola 2. “Para fazer nascer crianças sãs, como o meu
Manuel!”.
Fátima
é uma das milhares de mulheres que desde 2003 têm sido assistidas no centro
DREAM da Matola 2, no programa de prevenção vertical com a tri-terapia, um
programa desenhado e implementado pela Comunidade de Sant’ Egídio em Moçambique
em 2002, no âmbito das políticas contra o VIH/SIDA do Governo de Moçambique.
O
DREAM privilegia as mulheres grávidas e a dupla mãe-filho porque é a escolha
para o futuro de África. No Centro as mulheres aprendem que os bebés de mães
seropositivas podem ficar infectados de três maneiras: o vírus pode-se
transmitir durante a gravidez, no momento do parto e através da amamentação.
Sem nenhuma forma de prevenção, existem 30 por cento de possibilidades que uma
mãe infectada possa passar o vírus ao seu bebé.
A
oferta da tri-terapia anti-retroviral a partir da vigésima-quinta semana de
gravidez até ao exto mês depois do parto para poderem amamentar sem risco e
tratá-las também depois do parto, é fundamental. A única maneira para prevenir
o aumento exponencial de órfãos.
Paola
Rolletta
história
inédita, 2009
Isabel Ballena
fotografia
inédita, 2009
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