Al
Kawtar significa coragem, generosidade. Para 33 mulheres marroquinas significa lugar-de-realização-dos-seus-direitos.
No
centro de Marraquexe, num antigo riad de inspiração francesa, existe um refúgio
para mulheres – jovens e menos jovens – com algum tipo de deficiência, onde
podem aprender a ler, escrever e bordar. “É um sítio construído pela vontade
das mulheres. Um lugar onde podem ganhar a vida e viver de forma independente,
com dignidade e confiança em si mesmas”, resume a presidente da Associação Al
Kawtar, Zahra Bouhaya.
A
ideia surgiu de uma experiência anterior de trabalho com homens com
deficiência. Não resultou. “Pode não ter funcionado devido à mentalidade das
pessoas que exigiam tudo sem esforço por causa da deficiência”, explica a
matrona da casa, mas acrescenta: “Ou o erro pode ter sido meu por não saber
lidar com eles, por falta de experiência”.
Em
2006, Zahra Bouhaya e a presidente da Fundação Karl Kahane, Patricia Kahane,
decidiram tentar de novo, desta vez com mulheres. E resultou. Agora, todos os
dias, a Al Kawtar é uma oficina onde as mulheres se reúnem e bordam em “tricot”
e “crochet” para responder às encomendas vindas de todo o país e exterior,
pagas “justamente” por horas de trabalho. Mas é muito mais: é uma casa onde
desfiam os seus problemas, alinhavam cuidados de saúde e alimentação e aprendem
a ler e a escrever. “Hoje, estão mais seguras de si mesmas, sentem que participam
na economia e exercem uma profissão que lhes dá satisfação e reconhecimento”, diz
Zahra Bouhaya. É, no fundo, um lugar onde estas mulheres tecem futuro.
Ana
Filipa Oliveira
história
inédita, 2010
Patrick
Arnoux
do
documentário “Vision D’Al Kawtar”, 2010
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